sexta-feira, 2 de março de 2012

NEB

NEB

Dizem que caminhas com o olhar perdido no asfalto, que aos teus passos faltaram os ponteiros do tempo. Dizem que as tuas mãos quebraram os momentos, e que os teus dedos cansados de ser carne abandonada se negaram a ser pluma dos teus versos.
Alguém me sussurra ao ouvido que a tua voz se cansou do teu próprio alento, refugiando-se num deus paralelo. Já não há idades para ti, as areias ficaram espalhadas por tumbas de faraós e Orión se apagou sob o olhar de outros mortais.
Dizem que caíste no vazio, enquanto eu esperava, rainha do teu instante, e que não pudeste transformar-te para não ferir a ti mesmo de desejos e solidões.
Dizem que danças segundos húmidos e mofados, que formas parte de sombras que se estendem como chicotes entrançados, para açoitar o vento que é a única coisa que te resta.
Alguém me sussurra ao ouvido que os teus olhos se vestiram de saudade e inquietude, que se fecham para não ver as paisagens frondosas que vão ficando aos lados do caminho. E hoje olhas o vidro do teu relógio tentando adivinhar teu reflexo, e só vês pó nos ponteiros, e só vês deserto, e só vês teus medos e só… só vês clausura.


Mónika Nude- Espanha
Tradução ao português: Tania Alegria


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NEB

Dicen que caminas con la mirada perdida en el asfalto, que a tus pasos les faltaron las manecillas del tiempo. Dicen que tus manos quebraron los momentos, y que tus dedos cansados de ser carne abandonada se negaron a ser pluma de tus versos.
Alguien me susurra al oído que tu voz se ha cansado de tu propio aliento refugiándose en un dios paralelo. Ya no hay edades para ti, las arenas quedaron esparcidas por tumbas de faraones y Orión se apagó bajo la mirada de otros mortales.
Dicen que caíste en el vacío, mientras yo esperaba, reina de tu instante, y que no pudiste transformarte para no herirte a ti mismo de deseos y soledades
Dicen que bailas segundos húmedos y mohosos, que formas parte de sombras que se alargan como látigos trenzados, para azotar el viento que es lo único que te queda.
Alguien me susurra al oído que tus ojos se han vestido de añoranza e inquietud, que se cierran para no ver los paisajes frondosos que van quedando a los lados del camino. Y hoy miras el cristal de tu reloj intentando adivinar tu reflejo, y sólo ves polvo en las manecillas, y solo ves desierto, y sólo ves tus miedos y sólo...sólo ves encierro.


Mónika Nude- España

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