quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

VISITAÇÕES, OU POEMA QUE SE DIZ MANSO




VISITAÇÕES, OU POEMA QUE SE DIZ MANSO

De mansinho ela entrou, a minha filha.

A madrugada entrava como ela, mas não
tão de mansinho. Os pés descalços,
de ruído menor que o do meu lápis
e um riso bem maior que o dos meus versos.

Sentou-se no meu colo, de mansinho.

O poema invadia como ela, mas não
tão mansamente, não com esta exigência
tão mansinha. Como um ladrão furtivo,
a minha filha roubou-me a inspiração,
versos quase chegados, quase meus.

E mansamente aqui adormeceu,
feliz pelo seu crime.


Ana Luísa Amaral- Portugal


*****

VISITACIONES, O POEMA QUE SE DICE MANSO

Mansamente entró, mi hija.

La madrugada entraba como ella, pero no
tan mansamente. Los pies descalzos,
con un ruido menor que el de mi lápiz
y una risa mayor que la de mis versos.

Se sentó en mi regazo, mansita.

El poema me invadía como ella, pero no
tan mansamente, no con esta exigencia
tan mansa. Como un ladrón furtivo,
mi hija me robó la inspiración,
versos casi logrados, casi míos.

Y mansamente se adormeció aquí
feliz por su crimen.


Ana Luísa Amaral- Portugal

Traducción al español: Nidia Hernández

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