segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

ALMA AUSENTE




ALMA AUSENTE

Não te conhece o touro nem a figueira,
nem cavalos nem formigas de tua casa.
Não te conhece o menino nem a tarde
porque já morreste para sempre.

Não te conhece o lombo da pedra,
Nem o raso negro onde te destroças.
Não te conhece a lembrança muda
Porque já morreste para sempre.

O outono virá com suas conchas,
uva de névoa e montes agrupados,
mas ninguém virá olhar teus olhos
porque já morreste para sempre.

Porque já morreste para sempre,
como todos os mortos da Terra,
como todos os mortos esquecidos
em um monte de cães apagados.

Ninguém te reconhece. Não. Mas eu te louvo.
Eu canto desde já teu perfil e tua graça.
A madurez insigne de teu conhecimento.
Tua apetência de morte e o gosto de sua boca.
A tristeza que teve tua valente alegria.

Tardará muito tempo em nascer, se é que nasce,
um andaluz tão claro, tão pleno de ventura.
Eu canto sua elegância com palavras que gemem
e relembro uma brisa triste pelas oliveiras.


Federico García Lorca- Espanha
Tradução ao portugês: Antonio Miranda


*****

ALMA AUSENTE

No te conoce el toro ni la higuera,
ni caballos ni hormigas de tu casa.
No te conoce el niño ni la tarde
porque te has muerto para siempre.

No te conoce el lomo de la piedra,
ni el raso negro donde te destrozas.
No te conoce tu recuerdo mudo
porque te has muerto para siempre.

El otoño vendrá con caracolas,
uva de niebla y montes agrupados,
pero nadie querrá mirar tus ojos
porque te has muerto para siempre.

Porque te has muerto para siempre,
como todos los muertos de la Tierra,
como todos los muertos que se olvidan
en un montón de perros apagados.

No te conoce nadie. No. Pero yo te canto.
Yo canto para luego tu perfil y tu gracia.
La madurez insigne de tu conocimiento.
Tu apetencia de muerte y el gusto de su boca.
La tristeza que tuvo tu valiente alegría.

Tardará mucho tiempo en nacer, si es que nace,
un andaluz tan claro, tan rico de ventura.
Yo canto su elegancia con palabras que gimen
y recuerdo una brisa triste por los olivos.





Federico García Lorca- España

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